quinta-feira, 24 de maio de 2007

Época má, muito má

O meu serviço tem estado um caos.
Macas todos os dias e doentes com um nível de dependência cada vez mais elevados e nós sem recursos para satisfazer as suas necessidades de maneira satisfatória.
Temos a cada dia que passa mais doentes paliativos e poucos cuidados paliativos conseguimos prestar. Como a chefe disse infelizmente "são os últimos a quem chegamos".
Revolta-me! Não pode ser! E não é só por eles é também pelas famílias que se queixam que somos desumanos, não comunicamos e estamos sempre com má cara.
Gostava que entendessem que me parte o coração sair quase todos os turnos 2 horas após o meu turno já ter terminado e com a sensação que nada fiz. Mas infelizmente para nós enfermeiros que damos a cara todos os dias e que estamos lá todos os dias (mesmo que pouco tempo) só nos chegam as reclamações do serviço de utentes, pois aqueles doentes e familiares que compreendem a nossa situação e que nos dizem que somos bons e damos o nosso melhor e que prometem escrever uma carta a dizer isso não o fazem.
Não deveríamos precisar dessa carta mas nos tempos que correm bem falta nos faz.
O topo precisa saber pela voz de quem recebe os cuidados que às vezes somos maus, mas muitas vezes somos bons com as más condições que nos dão.

2 comentários:

Gaivota disse...

E uma reunião de serviço para se falar desses problemas, não há? Não podem pedir à vossa chefe?

Anónimo disse...

Nao neste pais nao ha comunicaçao na famosa equipa multidisciplinar...Temos que ensinar os doentes e familiares a reclamar no sitio certo. Em Portugal temos um grande problema a falta de informaçao dos utentes que dao muito valor aos drs e parece que se esquecem que trabalharam uma vida inteira pra usufruir de qualidade de cuidados que deve ser exigida...Pais de caca. Se ainda tivessemos la fora um processo ate valia a pena mas aki so se for pra passar a vida nos tribunais. Realmente nao percebo como e k esse hospital ta no topo do raking, entre esse e o do norte venha o diabo e escolha, e o do meio falta-lhe a palavra humanizaçao dos cuidados. Sem comentarios.